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“Temos um impacto direto na vida dos alunos”

Educação para Todos

“Temos um impacto direto na vida dos alunos”

Publicado em 29 de Março de 2023 às 14:42

Ana Vaz é mentora da Teach For Portugal, um projeto que apoia a educação de crianças e jovens em escolas nas zonas mais carenciadas do País. É com o apoio da Fundação Santander Portugal que Ana acompanha e faz a diferença na vida dos alunos da Escola Básica Marquesa de Alorna. O lema é não deixar nenhuma criança para trás.


Ana Vaz tem 43 anos e chegou à Teach For Portugal em Setembro de 2022 através da internet. Como nos diz, “foi logo uma empatia direta”. O programa “aborda o desenvolvimento humano através da educação porque trabalha dentro e fora das salas de aulas e junto da comunidade. Por essa razão tornei-me mentora”, explica. “Juntei-me à Teach For Portugal porque vi neste programa uma visão transversal da educação e era isso que queria”, acrescenta.

Ao apoiar este projeto integrado na rede internacional Teach For All, que atua em 61 países há mais de 30 anos, a Fundação Santander Portugal procura ajudar a transformar o futuro de crianças e jovens carenciados no nosso país.

Licenciada em Comunicação e Jornalismo, Mestre em Desenvolvimento e Cooperação Internacional, Ana Vaz acompanha 88 alunos em colaboração com o professor. Como a própria adianta, a par dos resultados escolares e de competências como a autonomia e a liderança, “estamos lá para trabalhar a gestão emocional e a autoconfiança dos alunos, sempre atentos para conseguir potenciar o máximo que eles podem atingir.”

“Temos um impacto direto na vida dos alunos” | Transformar Vidas

A dedicação ao desenvolvimento social e humano domina o seu percurso profissional, marcado por inúmeros projetos, da sensibilização para a conservação ambiental na Guiné-Bissau, à melhoria da governação económica dos PALOP e de Timor-Leste, passando por iniciativas pessoais na promoção da leitura, igualdade de género, criatividade e inovação.

Integra ainda o projeto SurfArte, para o desenvolvimento de competências dos alunos através do surf – e criou Numna, a personagem de uma série educativa que conta histórias de meninas com desafios semelhantes aos seus, dos amigos, família e comunidade.

Atualmente, encontra-se no primeiro de dois anos do Programa de Desenvolvimento de Liderança da Teach For Portugal, colaborando com professores em turmas do 2º ciclo nas disciplinas de Português, Cidadania, História, Geografia, Matemática e Ciências.

Não chega fazer o suficiente

“O contexto onde uma criança nasce não deve influenciar as oportunidades que tem ao longo da vida”. O lema do Teach For Portugal, que é partilhado pela Fundação Santander Portugal, diz quase tudo. Mas a realidade é outra: de acordo com dados da União Europeia, a taxa de reprovação é cinco vezes superior nos alunos de comunidades desfavorecidas, o que restringe as oportunidades presentes e futuras.

A Teach For Portugal acredita que a diminuição das desigualdades no sistema educativo só pode ser alcançada quando existir uma liderança que assuma o desafio de contribuir para a construção de um país mais equitativo. Depois de uma formação intensiva, os mentores colaboram durante dois anos numa escola inserida num contexto social e económico desfavorecido. São eles que, independentemente da formação académica, reconhecem na educação o primeiro passo para alcançar uma sociedade mais justa, tornando-se verdadeiros agentes de mudança, não só dentro como fora da sala de aula, onde desenvolvem os mais diferentes projetos e garantem o envolvimento da comunidade.

“Temos um impacto direto na vida dos alunos” | Transformar Vidas

Ao proporcionar às crianças de meios mais desfavorecidos a oportunidade de atingirem o  máximo potencial, este projeto tenta ser a chave que lhes permite superar as suas circunstâncias  de origem, abrindo-lhes a porta para um novo caminho de oportunidades que transforma as suas vidas. É como se entrassem, de repente, num elevador social.

Dar estabilidade emocional

Os resultados são visíveis, apesar das situações complexas e desafiantes. Quando, no pós-pandemia, a mentora chegou à escola pela primeira vez, o desconforto dos alunos “era visível em situações de disrupções e de desregulação emocional. Fazer a ponte entre professor e aluno, entre alunos e alunos, é um processo de mediação constante, mas é também um processo de reforço positivo para perceberem que o erro não tem mal nenhum e que, muitas vezes, conseguimos avançar a partir do erro”.

O papel das competências sociais e emocionais, na opinião de Ana Vaz, é “o mais relevante neste momento nas escolas” e dar-lhes a devida importância é prioritário para cada aluno. “É preciso observarmos primeiro a estabilidade emocional, para depois estarem aptos para o processo da aprendizagem.”

Dos muitos casos de sucesso, recorda uma estudante que, no início do ano, se sentia muito desconfortável, acreditava não ser capaz – e não queria participar na aula. “Só o estar perto, mostrando que ela é importante, reforçando os aspetos positivos que tem” mudou o cenário. “E hoje temos uma aluna que diz: ‘tirei muito bom! Consegui estudar!’ Agora gosto mais de matemática e de ciências’”.

Sem margem para julgamentos, com espaço para acrescentar valor humano, alterar a perceção de uma criança sobre a aprendizagem opera uma mudança com retorno em produtividade. “Isso faz-me sentir que temos um impacto direto na vida dos alunos.”